quinta-feira, 15 de maio de 2008

Ando devagar porque já tive pressa

"O esquecimento é condição essencial para quem recomeça uma nova experiencia. O apagar do passado, descansa, e favorece o desenvolvimento de novos aspectos da nossa personalidade..."
...Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer....
Já fiz juras eternas....
Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só....
Já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial....
Já gritei de felicidade....Apaixonei-me e achei que era pra sempre, mas sempre era um “pra sempre” pela metade....
e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.
Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentas da emoção, guardados num baú, chamado coração.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Ideologia, História e sociedade

É comum demais sempre encontrarmos reclamações sobre nossos governantes. Claro, pois sem as reclamações as melhorias não são feitas, no entanto, a questão é: para quem são feitas estas melhorias?
O ser humano, um animal essencialmente social, tem um cunho egoísta que é intrínseco de sua raça. E, por sinal, é algo demais natural, pois se uma pessoa não zela pelos seus interesses quem irá zelar? A psicanálise, até certo ponto, prega como saudável este egoísmo humano, contudo, as nossas normas éticas, relativamente hipócritas pregam certos valores que vão de encontro à própria natureza do homem e isso serve para que esta necessidade de viver em sociedade seja satisfeita. Afinal, se numa sociedade cada um cuidar, apenas do que for de seu interesse, esta mesma sociedade irá desmoronar, aliás, nesta condição do “eu” tão singular, sequer poderíamos afirmar que ali há uma sociedade.
Carr levanta uma questão interessante em seu livro “que é história”: O que veio primeiro, a sociedade ou o sujeito? Esta questão é tão difícil de responder quanto à questão clássica do ovo e da galinha, contudo, o que podemos extrair desta indagação é a simbiose do sujeito e da sociedade em que vive. Cada sujeito é fruto de sua sociedade localizada no espaço e no tempo e cada sociedade reflete o caráter dos inúmeros sujeitos que a compõe.
Dada esta premissa, entramos na questão da ideologia. Sim, pois é este caráter que num sentido macro reflete os sujeitos em sua sociedade.
Por exemplo, num grupo onde de 100 elementos 90% compactuam de uma mesma idéia e outros 10% são contrários, iremos incorrer da prevalência do ideal que corresponde aos interesses da maioria, contudo, nem sempre esta afirmação de que prevalece o ideal da grande maioria está correta. Se olharmos esta questão vista do sentido democrático, dadas as devidas ressalvas, talvez esta sobreposição da maioria de fato de dê, mas sempre devemos observar que, dentro dos grupos governantes, estes sempre irão favorecer aqueles que os apóiam, ou seja, num sentido prático, irão atender as necessidades de suas respectivas classes. Entende classe, aqui, não como o meio social e econômico onde o sujeito está inserido, mas sim nos ideais compactuados. Desta forma, um homem de periferia que comunga com os interesses da aristocracia é inserido nesta classe, não por sua condição de vida, mas por seus ideais. Que fique claro que a classe aqui proposta não está ligada a condição financeira, mas sim ideológica. Podemos até argumentar que seria impossível de ocorrer algo como no exemplo dado, onde um homem que está na base da pirâmide social compactue das idéias dos grupos hegemônicos que o oprimem, contudo, para esta questão tão controversa, devemos olhar também para o perfil cultural dos cidadãos que inclui sua educação e preparação para a cidadania. Sendo assim, a instrução é importante, pois os mecanismos de convencimento utilizados para cooptação do homem comum junto aos ideais da elite econômica e social são diversos. Há a necessidade de saber julgar as propagandas e outras artimanhas tão utilizadas pela política para trazer as “massas” para de junto dos articuladores.
Dando uma análise (superficial, não nego) na história da humanidade, observamos que nas grandes sociedades sempre houve grupos que tiravam proveito de sua situação para se manter num estrato superior aos outros. A ideologia que sustentava esta estratificação social sempre muda de acordo com a época e a sociedade. Podemos observar, desde o direito divino, até a condição de uma raça superior, logo, a ideologia que sustenta os grupos dominantes da sociedade sofre uma metamorfose, de acordo com os interesses daqueles que irão assumir ou sustentar sua posição dominante hierárquica.
É antiga esta relação do homem que se eleva diante de outro homem. Contudo, a grande questão, aqui proposta, está na aceitação da grande parcela da população diante da ideologia de uma minoria.
Como dito anteriormente, esta minoria faz valer seus interesses, disfarçando-os de modo que sejam assimilados como interesses gerais. Até certo ponto, muitos destes interesses são realmente gerais, sobretudo dada a situação da política de globalização que, ao contrário do que se pode pensar, não é recente e tem suas raízes nos movimentos da expansão ultramarina dos séculos XV e XVI.
Oras, se estes interesses são até certo ponto gerais, como podem beneficiar apenas as elites? De fato estas elites não são as únicas beneficiárias, a população geral também ganha, mas em muito menor escala. Falando de uma maneira geral, pois cada sociedade tem suas próprias características, as elites que governam estão diretamente ligadas aos interesses econômicos das classes que representam o que, por sua vez, por um resíduo que deve existir, ajudam a manter a funcionalidade da máquina social, isto é, dá condições razoáveis de manutenção da sociedade.
Estes resíduos, quando ditos que devem existir, são a forma de manter a sociedade em seus eixos. Assim, encontramos na Roma antiga a distribuição de cereais, no Brasil moderno o “Bolsa Família”.
Claro, este dois exemplos são oriundos do Estado, mas visam manter a ordem vigente, ou seja, com uma máscara de benefícios se faz a cooptação da população e se impede que uma revolta subverta a ordem adotada. A nova onda da chamada “Responsabilidade Social” que vemos tantas empresas pregando pode ser considerada como a mesma máscara da qual tratamos há pouco. No que se refere a uma melhor qualidade de vida dos funcionários, melhor do que “esmolas” não seria uma melhor distribuição dos lucros? Uma melhor distribuição de renda? Claro que dadas as suas ressalvas, pois, não seria justo, aquele que entra com o investimento lucrar tão menos. Há aqui pontos para serem melhores discutidos e elaborados, pois não queremos, neste artigo, pregar premissas comunistas, tão pouco enaltecer o capitalismo. A questão é dentro de uma realidade social e econômica atender a uma nova ideologia que prega uma mais justiça na distribuição do capital, não só para aquele que retém os meios de produção, como também para o agente da produção.
Na sociedade moderna Capitalista, temos ainda os excluídos da roda econômica. Numa sociedade, onde o acúmulo de capital é o interessante, fica claro que quanto mais se acumula, menos temos para distribuir, logo, os excluídos fazem parte do circuito econômico e, por fim, acabam por gerar as mazelas sociais. Fica complicado atender a toda a população quando a ideologia vigente é paradoxal a ideologia das camadas mais carentes. Paradoxal no sentido destas camadas carentes estarem almejando algo que irá excluir outros casos os desejos destas sejam satisfeitos.
Percebemos então a condição ideológica que se contrapõe a realidade. A visão social de mundo, uma falsa visão da realidade que converte a todos numa mesma massa que tende a atender os anseios de uma minoria, contudo, desde que, premissas mínimas sejam atendidas. É nesta delicada balança que as sociedades se equilibram. As grandes revoluções são feitas pelos grupos que sabem jogar politicamente com estas forças e captam os anseios gerais e os moldam para deles tirarem proveito. A questão ideológica é importante. É nela que as sociedades estão firmadas e os sujeitos históricos formados. Assim tão importante quando a defesa de uma ideologia é a identificação e relatividade da mesma, diante da realidade.

By Azrael