segunda-feira, 11 de julho de 2011

Jovem acerta 100% após o tratamento

Grupo de estudiosos da UFMG atende pessoas e investiga as raízes genéticas da discalculia

11 de julho de 2011 | 0h 00

Alexandre Gonçalves - O Estado de S.Paulo
Na semana passada, Jessica Silva, de 14 anos, foi à sua última sessão de acompanhamento com a psicóloga Annelise Júlio, do Laboratório de Neuropsicologia do Desenvolvimento (LND) da UFMG. Faria um conjunto de exercícios de matemática para avaliar a efetividade das intervenções. Annelise fez questão de tranquilizá-la: "Calma, você consegue."
Washington Alves/Light Press
Washington Alves/Light Press
Cálculo. Jéssica (esq.) foi bem em teste após a ajuda de Annelise, que estuda o problema
De fato, a garota acertou tudo. Como esperado de alguém com um quociente intelectual igual a 120, valor que não deixa dúvidas sobre a inteligência de Jessica. Quando começaram as intervenções, no entanto, seu rendimento estava bem abaixo do de uma adolescente da sua idade.
Ela tem transtorno de ansiedade matemática. Diante de números e contas, sofre um bloqueio que impede qualquer avanço. Como a discalculia do desenvolvimento, o transtorno dificulta muito o aprendizado.
A unidade da UFMG que auxiliou Jessica pretende identificar as raízes genéticas da discalculia. Estudos já encontraram a causa da doença no mau funcionamento de determinados circuitos cerebrais - especialmente no sulco intraparietal.
O consumo de álcool na gravidez ou o parto prematuro podem explicar os erros no desenvolvimento neuronal que causam a discalculia do desenvolvimento. Contudo, fatores hereditários permanecem como a principal causa do transtorno. Algumas síndromes genéticas bem definidas, como a síndrome de Turner, são classicamente associadas a um baixo desempenho matemático.
"Mas, na maioria dos casos, a discalculia é uma herança relacionada a vários genes e associada a fatores ambientais", explica Vitor Haase, do LND. Ele coordena o projeto que busca as raízes genéticas da discalculia.
Com a permissão de escolas e pais, o grupo de pesquisa de Haase aplica testes em crianças e adolescentes para identificar quem tem dificuldade em matemática, apesar de não apresentar deficiência intelectual ou problemas sensoriais e motores.
Os pais das crianças que tiveram baixo desempenho são convidados a conhecer o projeto. Se quiserem, podem autorizar a realização de um exame neuropsicológico e a coleta de DNA dos filhos - obtido da saliva. Recebem, em troca, um relatório e sessões de aconselhamento.
Com o auxílio da pesquisadora Maria Raquel Santos Carvalho, do Laboratório de Genética Humana e Médica da UFMG, Haase investiga o DNA em busca de mutações. Olha principalmente para cromossomos relacionados a outras síndromes associadas ao baixo desempenho em matemática.

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