segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
(Cecília Meireles)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Este gene mulherzinha

Quando minha mãe e eu estamos de férias em casa uma programação é certa: filminho à tarde. Ontem escolhemos duas comédias românticas, gênero também conhecido como filmes de mulher, porque não queríamos “pensar”; queríamos um momento de diversão. Contraditoriamente o pior deles me levou a uma reflexão. Tratava-se do longa-metragem “Jogando com prazer” – não recomendo – com o Ashton Kutcher que interpreta um garotão no auge do vigor físico, o qual a principal atividade é viver à custa de mulheres ricas. Elas ficam com o sexo e ele com o dinheiro.

B-E-L-E-E-E-E-Z-A, é um acordo mutuo. A mulher poderosa, tem O emprego, A casa, O carro e O homem que, citando Maroon5, try his “best to feed her appetite, keep her coming every night”¹. O cara por sua vez, compra (e faz) o que quer e ainda tem momentos de folga, enquanto a Poderosa trabalha, para convidar outras garotas para “virem”² com ele também.

Novamente: B-E-L-E-E-E-E-Z-A; tudo indo bem até que o gene mulherzinha resolver se manifestar: a mulher independente, imponente, gostosa e mais uns blá blá blás que nos denominamos para reforçar a autoestima (você, mulher, não diga que não faz isso), simplesmente “resolve” sentir ciúme e bancar a possesiva. Aí eu te pergunto: o que aconteceu? O óbvio, claro! O bonitão fugiu; e não ficaria nem por todo dinheiro do mundo.

Neste momento veio a minha cabeça (pela 1000º vez) o pensamento: de que adianta esta “revolução feminina” (viva Dilma presidenta! rsrs), se do gene mulherzinha não nos libertamos!? Como minha mãe estava na sala comigo, só pensei uma meia dúzia de palavrão e interiorizei: “não seja mulherzinha, repita comigo de novo NÃO-seja-muherzinha!”.

(...)

Voltando... O filme mostra, assim, a Poderosa com o dinheiro, poder e SOZINHA! Na realidade vejo que o problema é mais embaixo: ela se sente sozinha (estrogênio detect!). Se fosse um cara estaria aproveitando a vida e isso não significa só sair com outras garotas, mas sim indo ao supermercado sem ninguém aborrecer, assistindo futebol sem escutar comentários, não arrumando a cozinha, enfim fazendo o que quer, sem pensar, refletir ou precisar de um “tempo para eles”.

Mas é aí que ocorre uma reviravolta e o garotão passa de caçador a caça, ao ser enganado por uma bonitona que tem o mesmo propósito de vida que ele. Por se tratar de um filme é evidente que os dois bandidos (usei este termo porque (in)felizmente ainda vivemos no mundo de José de Alencar) se apaixonaram. Contudo a garota depois de dizer que amava o Ashton (e quem não ama?) resolve abandoná-lo sabendo do [não]futuro provável dos dois. Não vejo esta personagem como um ser mutante que nasceu sem o tal gene, mas sim uma corajosa mulher (ou não) que conseguiu ignorar o genótipo e expressar um fenótipo diferente.

Enfim, a primeira mulher termina arrumando outro objeto, ops, digo outro garotão e a segunda suprime seus sentimentos e o casa com um rico...

Minha mãe disse, em tom meu revoltado, que o filme era péssimo, mas que antes o fim da primeira que da outra que renunciou o que queria. “E me diz, abriu mão a troco de quê?” – completou. Imediatamente respondi que achava exatamente o contrário e se a bonitona ficasse com o cara só ia sofrer mais. “Ai mãe, precisamos aprender a ser como os homens” – falei. Ficamos uns 10 segundos em silêncio, pois notamos que nenhuma das duas opiniões seria boa o bastante...

Cheguei então no ápice da minha reflexão: “merda, pra que tô pensando isso tudo!?!?!?” (pausa para formação de um vácuo em mim). Percebi então que toda esta discussão nada mais é que o gene mulherzinha expressando um de seus endofenótipos em mim...

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*Post para minha friend Júlia, sempre companheira dos meus "momentos pensantes " mais surreais, no entanto mais lúcidos.

¹ - tradução totalmente livre: o cara dá tudo de si para satisfazer a mulher sexualmente

² - o verbo "vir" em inglês é "to come", que na linguagem popular também pode significar gozar

domingo, 2 de janeiro de 2011

90 anos de história gloriosa


Cruzeiro, o guerreiro dos gramados
Sou cruzeirense apaixonado
E pra sempre eu vou te amar

Cruzeiro, quem conhece tua história
De conquistas e vitórias
Nunca mais te esquecerá

Cruzeiro, tua história é tão bonita
Faz parte da minha vida
Pros meus filhos vou contar.