domingo, 10 de abril de 2011

Diário de Bordo

Eu não sei o que fazer de mim; então, hoje eu quis morrer. Mas só um pouquinho. Por algumas horas. Na verdade, quero todos os dias, mas acabo permanecendo viva. Para meu desespero, eu existo.

E tudo á minha volta me lembra essa existência: meus sapatos, as roupas que usei ontem e agora estão dobradas em cima da cadeira, os livros organizados na estante, a lista de tudo o que não fiz [e nem vou fazer] pregada na porta da geladeira. E ele, o espelho. Que fique claro, eu não sou a imagem do espelho.
Ela aparece pronta a cada vez que me aproximo dele.

Isso está errado. Quando eu olhar no espelho, leia-se: em construção.

E queria me encontrar assim, no susto, virando a esquina e dando de cara comigo:
- oi!

Lieli Loures

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